segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

RELASE - GIROS (1985)




Após um do lançamento de seu primeiro álbum solo – “Del 63” –, Fito Páez lança “Giros”, que lhe colocaria no seleto grupo dos melhores roqueiros da Argentina. O álbum se diferencia do anterior por alguns detalhes. A bateria eletrônica tem sua importância diminuída, ainda que continue a ser usada em algumas canções; o teclado tem um cuidado mais especial, pois além do próprio Fito, um outro músico foi incluído na banda para tocar somente esse instrumento, Tweety González, que posteriormente se integraria ao Soda Stereo. O disco também contém músicas mais rápidas que a anterior.


Além de Tweety nos teclados, o grupo que acompanha Fito nesse é álbum é formado por dois músicos do álbum anterior: Fabián Gallardo nas guitarras e coros, e Daniel “Tuerto” Wirzt; Além de Paul Dourge no baixo e no baixo-moog. Todas as canções foram compostas por Fito Páez.


O disco foi gravado nos estúdios Moebio. O técnico de gravação foi Mariano López, e o de edição foi Nano Suárez. Na parte artística a fotografia da capa é de J. L. Perotta, e a contracapa de Sergio Veliz.


O álbum começa com a canção que dá nome ao disco, “Giros”. Ela inicia com uma guitarra abafada que no mesmo ritmo que fito depois começa a cantar: “Giros, existe um céu e um estado de coma/ Mudar em torno de pessoa em pessoa/ Giros, dar meia volta e ver que passa afora/ Nem todo mundo tem primaveras”. Após isso se ouve sons de teclados como se fosse um bandoneón ou um acordeón, no qual o próprio fito diz na canção: “Soa um bandoneón, parece de outra pessoa, mas sou eu, que sigo caminhando mesmo assim, assoviando um tango enferrujado”. A música ainda utiliza fortes batidas de bateria, e depois volta para o teclado com som de bandoneón, dessa vez em um solo, terminando assim a canção. Ela também se destaca por ser a primeira de Fito com um vídeo-clipe:





A segunda música é “Taquicardia”, uma canção considerada por muitos como simples, talvez por ela ser curta – apenas dois minutos -, mas que contém belos elementos do bom e bem-produzido rock. A música é agitada, com uma bateria e riffs de guitarra que lembram um suave punk-rock. A letra também traz simplicidade, mas não uma simplicidade de poesia pobre, e sim uma simplicidade carregada de sentimentos: “não me digas nada/ tenho taquicardia/ antes de apagar-me/ tenho que explodir”, “Já sabes, te amo/ mas estou guardando/ uma dinamite em meu coração”. Fito logo entoa a voz para dar mais sentimento “necessito declarar-me em curto-circuito/ Passei a vida vendo/ vendo como fazem o mundo em vez de fazê-lo eu”, seguindo com cantos de “na na na na”. Essa música diferencia da maioria compostas por Fito Páez, já que utiliza pouquíssimo o teclado, apenas nos dez segundos finais.


A canção seguinte, “Alguna vez voy a ser libre” já é bem mais calma, e em nenhum momento chega a se agitar, com exceção de alguns gritos dados por Páez, principalmente no verso: “Porque eu não tenho mapa deste mundo/ porque eu dou voltas sobre o mesmo ponto”. A música contém belos acordes de piano de fundo. Em seu final ainda há um solo saxofone.


A quarta canção é uma clássica, “11 y 6”, mas não é versão que se tornaria famosa no álbum “Euforia”, de 1996, e sim uma versão mais simples, começando já sendo cantada: “em um café se viram por casualidade”, além de uma batida de bateria constante. A letra toda conta uma estória de um menino de 11 anos e de uma menina de 6. O refrão é conhecidíssimo: “olhem todos/ eles sozinhos/ podem mais que o amor/ e são mais forte que o Olimpo”, “se esconderam/ no centro/ e no banheiro de um bar selaram tudo com um beijo”. Fito ainda conta que jamais voltou a vê-los, voltando depois ao refrão, terminando logo depois a canção.


Em seguida, há “Yo vengo a ofrecer mi corazón”, música em que Mercedes Sosa posteriormente interpretaria também. A canção inicia com teclado e logo com um baixo que chega a dar um tom mórbido. Depois Fito começa a cantar: “Quem disse que tudo está perdido?/ Eu venho oferecer meu coração.”, “Tanto sangue que o rio levou/ eu venho oferecer meu coração”. Logo, Fito entoa a mais sua voz, continuando a cantar: “E não será tão fácil, já sei que passa/ Não será tão simples como pensava/ Como abrir o peito e tirar a alma/ Uma facada de amor”. A música pode parecer mórbida, mas a sua letra faz ela ter uma outra cor, apesar de seguir num ritmo constante.


A sexta canção volta ser agitada, numa característica dos anos 80. “Narciso y Quasimodo” é um título que já remete a uma contradição, o “máximo” da beleza com o máximo da “feiura” – obviamente que nas concepções impostas pela sociedade ocidental. A faixa por mais de vinte segundo em um relativo silêncio – na verdade se botar o volume no máximo pode-se escutar algo, como se Fito Páez estivesse conversando com alguém -, até que a música em si comece de fato e Fito comece a cantar: “para que e por que estaremos distanciados? / (...)/ Já sabes é que quero estabelecer contatos/ é que às vezes somos desumanos/ e outras vezes não queremos ver”. Páez segue cantando uma outra estrofe no mesmo ritmo: “(...)/ outra vez Narciso e Quasimodo/ (...)/ e não entendo às vezes porque estamos/ sem jamais poder estabelecer contatos”. Ao dizer “contatos”, a voz de Fito se distorce como se estivesse tendo um contato ao estilo de filmes de extraterrestres. Após isso, a música fica calma por um tempo - com apenas alguns toques suaves de teclado de bateria e baixo - durante uma outra estrofe: “uma aproximação, um sinal, um passo a frente/ (...)/ e fica só sem poder estabelecer contatos”. Dessa vez, o “contatos” é dito de forma mais calma e sem música. Logo, os teclados fazem um som diferente, como se também fosse um filme de alienígenas. Depois a estrofe se repete, terminando assim a canção.


“Cable a Tierra” é a música seguinte. A música não tem bateria, mas usa-se bastante teclados, sendo tocadas de uma forma suave e ao mesmo tempo agressiva, com a ajuda da voz de Fito, que faz o mesmo estilo. A letra é mais uma poesia de Fito Páez: “se estás entre voltar e não voltar/ se já meteste demais em teu nariz/ se estás cegado de poder/ jogue um cabo a Terra”, “(...)/ se estás igual que um barco em alto-mar/ jogue um cabo a Terra”. Após a estrofe, mesmo a música sendo calma, Fito entoa a voz: “E estou aproximando-me até ti/ sob a lua/ sob a lua/ as coisas são assim/ tenho o telefone do freak/ (..)”. Após tanta poesia, Fito volta ao refrão, um pouquinho mais agitado, com a ajuda de um baixo que acompanha os teclados que estão um pouquinho mais rápido, mas sem também acelerar muito.


A penúltima canção é “Decisiones apresuradas”, que possui uma das letras mais pesadas do álbum, além de ter uma musicalidade dos anos 80. A música começa com batidas de pedal de bateria, acompanhada por leves batidas em pratos. Fito então começa a cantar: “Cocaína, alguém decide pelo país/ Não me culpes, não estou disposto a morrer/ sob um crucifixo/ atiram e atiram linhas/ atiram”, e ainda segue numa outra estrofe: “Generais mataram meia geração/ Uma guerra não é um negócio nem uma ilusão”, “Vem e vão ao banheiro”, quando a música acelera: “e tomam apressados a decisão/ a decisão!”. Depois a música se acalma e Páez segue: “E não entendo/ eu aqui/ não entendo/ nada/ nada/ nada”. Após, volta-se à batida de pedal de bateria e de fundo um discurso que dá a entender que seja de algum general, provavelmente da época da ditadura militar na Argentina.


E para finalizar o disco, a última canção é “D.L.G.”. Ela começa, assim como na música anterior, com batidas, mas de uma forma que lembra os carnavalitos do interior da Argentina. Pouco depois, ainda com a mesma batida, começa o canto “E abrir-se-á todo o céu/ não será um dia normal/ (...)/ as profecias se dão”. Depois um piano começa a acompanhar: “Apocalipse da abaixo/ um maremoto de amor/ Festa na rua/ um orgasmo que nunca se acabe/ Dia de ressurreição”. Fito entoa a voz e começa o refrão “E será/ e será um fogo e um telão/ comovedor/ uma tormenta/ uma música infinita”. Na estrofe seguinte a música fica mais forte e com mais instrumentos, violão, baixo, e bateria, além de segunda voz. Depois retorna ao refrão, voltando um pouco depois à batida de carnavalito, até terminar o disco.

GIROS (1985) – 30:30
1- Giros – 3:45
2- Taquicardia – 2:00
3- Alguna vez voy a ser libre – 3:54
4- 11 y 6 – 3:10
5- Yo vengo a ofrecer mi corazón – 3:32
6- Narciso y Quasimodo – 3:05
7- Cable a Tierra – 3:30
8- Decisiones apresuradas – 2:46
9- D.L.G.

2 comentários:

  1. Poh o cara tem que conhecer pra fazer um release desses hein, parabens ai pessoal...

    muito bom o blog.

    Fernando G.

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